Na segunda noite de Pêssach, iniciamos Sefirát HaÔmer, contando 49 dias entre Pêssach e Shavuot, dia em que a Torá foi outorgada ao povo de Israel. Esta contagem foi ordenada por D'us e serve como preparação ao povo para o recebimento da Torá. O mandamento para a contagem do Omer é registrado em Levítico 23:15.
A palavra "sefirat" basicamente significa cálculo ou contagem.
· O que contamos?
Conta-se coisas de valor.
Conta-se unidades de tempo até um objetivo desejado; para uma criança, poderia ser: "Quantos dias faltam para as férias?" Para um adulto: "Quantas semanas ou meses até que eu consiga meu diploma? Ou "Quantos anos até que eu possa pedir uma promoção?"
Freqüentemente os itens contados são unidades de tempo. No judaísmo, tempo tem grande valor; é proibido desperdiçá-lo, ou matar o tempo.
Na tradição Judaica, o termo "sefirá" também possui significado específico, e refere-se à contagem dos 49 dias entre Pêssach e Shavuot. Em Pêssach, o povo judeu foi redimido de um terrível período de escravidão física na "casa do cativeiro", no Egito. Em Shavuot, que comemora D'us outorgando Seu precioso presente, a Torá, ao povo judeu no Monte Sinai, celebramos nossa passagem da Escravidão Espiritual à Liberdade Espiritual.
A Torá prescreve um modo de vida que eleva o ser humano acima da natureza puramente física, ao nível de um ser moral e espiritual. Isso lhe possibilita entender que a consciência dentro dele foi plantada por D'us, e que ele tem a capacidade de atingir e modelar seu comportamento até determinado ponto, além daquele de seu Criador.
Ele ou ela vêm a perceber que a saída da Escravidão aconteceu apenas para tornar-se um servo novamente, mas desta vez não para servir a um ser humano chamado de "amo", mas ao contrário, para ser um Servo de D'us, o verdadeiro Mestre do Universo.
· Seu Tempo e Sua Vida
A natureza da obrigação de Sefirat Haômer é contar. O Talmud diz: "U'sfartem lachem," - "Vocês deverão contar por si mesmos", o que implica que cada um deve fazer sua própria contagem, individualmente. Isto significa dizer que há uma obrigação para cada pessoa de contar, de exprimir sua percepção de que outro dia de sua vida chegou, trazendo uma nova oportunidade para o crescimento espiritual. Por isso a pessoa não pode cumprir sua obrigação de contar através de ouvir a contagem feita por uma outra.
· Por que contamos?
Contar alguma coisa torna-a real para nós. Apenas ao lhe atribuirmos uma quantidade entendemos o que significa para nós e como podemos usá-la. Imagine que você ganhou um baú repleto de moedas de ouro. Agradece ao seu doador e leva o baú para casa. Tão logo a porta é trancada, qual a primeira coisa que você faz? Conta as moedas, claro! Certamente é ótimo poder dizer: "Sou um homem rico." Mas se pretende fazer algo com sua riqueza, precisa saber: "Quanto possuo?"
Da mesma forma, o povo de Israel ao partir do Egito recebeu a Torá sete semanas mais tarde no Monte Sinai. Todos os anos lembramos esta jornada através de Sefirat Haômer, a Contagem do Ômer, por quarenta e nove dias. Começamos na segunda noite de Pêssach: "Hoje é o primeiro dia do ômer", proclamamos na primeira noite da contagem. "Hoje são dois dias do ômer" ou "Hoje são sete dias, que perfazem uma semana do ômer", "Hoje são vinte e seis dias que perfazem três semanas e cinco dias do ômer", e assim por diante, até "hoje são quarenta e nove dias, que perfazem sete semanas do ômer." Até chegar no quinquagésimo dia que é Shavuot.
Os cabalistas explicam que cada um de nós possui sete poderes no coração - amor, reverência, beleza, ambição, humildade, compromisso e realeza - e que cada um desses sete poderes inclui elementos de todos os sete. São representados pelas sete semanas e 49 dias da contagem do ômer.
· Pêssach, Sefirat Haômer e Shavuot
Pêssach e Shavuot são festas estreitamente interligadas. Podemos afirmar que Pêssach é o inicio de um processo e Shavuot seu término; uma festividade completa a outra. A liberdade do Egito se íntegra com o recebimento da Torá em Shavuot. Só a liberdade física não é suficiente; enquanto ainda existem ligações com o Egito, não somos homens livres. Pêssach enriquece o coração e fortalece a fé; Shavuot desenvolve a mente por intermédio da Torá e sua sabedoria.
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